O eco

O tempo de ociosidade me faz pensar... nem de recesso forçado eu desacelero na imaginação (isso é bom).

Estava eu observando com aquela cara de desdém a panacéia do Carnaval no Brasil. Sim, o carnaval é uma Panacéia, pois cura todos os problemas sociais do país. De hoje até quinta-feira da semana que vem não haverá desemprego, miséria, pobreza, corrupção, criminalidade ou violência que ofusque a "alegria" que só o carnaval propicia aos brasileiros (me senti um estrangeiro agora). Quem me conhece sabe o quanto eu odeio o carnaval. Embora respeite todas as opiniões, não posso deixar de pensar: Ôôôôôôô lixo cultural e povo medíocre!!!! (não permito críticas aos meus gostos, penso assim e pronto).

Mas me nego a escrever aqui sobre o carnaval... apenas me vieram alguns fatos. Vendo aquela multidão de "povo", lembrei da conhecida expressão "Maria-vai-com-as-outras" e me remeti a algumas pessoas que eu conheço... seres humanos (aparentemente) que não têm vontade própria, que fazem tudo de acordo com o que os outros imaginam.
A expressão tem origem em Portugal com Maria I, mãe de Dom João VI, avó de D. Pedro I e bisavó de D. Pedro II. (eu não faltei a essa aula de história). Mas, a famosa rainha ficou louca repentinamente e assim considerada incapaz de governar. Afastada do trono, Maria passou a viver reclusa, recolhida e ninguém mais a enxergava. Só era vista quando saía para caminhar a pé, sempre escoltada por um batalhão de damas de companhia. Quando as pessoas enxergavam a rainha nesse cortejo, costumavam dizer: "Lá vai Dona Maria, com as outras".
Parafraseando um famoso literário espanhol, eu diria que "a alma do indivíduo medíocre tem uma única função: O ECO".

Definitivamente; a idolatração às bundas e peitos, a reprodução fiel de pensamentos e atitudes, a falta de vontade própria e iniciativas e a ausência de autonomia e crítica, me fazem desacreditar no ser humano e me levam a enxergar as pessoas apenas como ecos, reprodures vãos e banais de pensamentos, atitudes......... carentes de vontade própria, autonomia e crítica.

Posso estar parecendo um pouco áspero, intransigente e quiçá arrogante. Mas o que percebo é isso. Mas todos os meus julgamentos e pensamentos são baseados no que eu vejo, escuto e percebo.

Vejo pessoas reproduzindo gostos, pensamentos, atitudes. Não vejo atitudes críticas consicentes. Onde estão os seres pensantes??? Críticos??? Autônomos???

Não estou sendo áspero apenas com "os outros", me excluindo desse processo. É evidente que fiquei pensando em quantas vezes fui "Maria-vai-com-as-outras".

Entre sorrisos aqui, me lembrei da situação no estúdio hoje (eu sei que a pessoa que estava comigo naquela ocasião vai entender que se trata da comparação com a atriz coadjuvante da série Emanuelle do cine privê dos áureos tempos de adolescentes), quando alguém que estava comigo lança aquele olhar profundo (que me assustou) e diz: "gostaria de ter a tua originalidade". Eu apenas respondi: "Cara-de-pau você quis dizer, né?"

Esse comentário me absolveu em meu próprio julgamento. Concluí, com certo alívio, que não sou um ECO das outras pessoas. Assim como preservo e faço questão da minha liberdade e autonomia, tão criticada por alguns, não abro mão da minha originalidade, que pode ser traduzida aqui por cara-de-pau mesmo.

Mas quando eu pular o muro daqui pro lado de lá, ninguém vai poder dizer que fui Maria-vai-com-as-outras... não estou passando por aqui como um simples eco.

Espero que você também não esteja!!!!!

Bjos e nãomeliga - celular está desligado mesmo!!!!!!

hehehehe