terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

O tempo

Sobre o tempo...

Velocista do dia-a-dia que sou, hoje me ocupei a pensar sobre o tempo...
Não consigo usar relógio. Nunca consegui e nunca gostei... Relógios parecem me prender... Além disso, a divisão do dia em horas, minutos e segundos exerce uma pressão incrível sobre mim.
Ainda guardo bem aquela frase: hora é hora! Antes da hora, não é hora, tampouco depois da hora, é hora!!!
17:18'... Minha cabeça estava mais tumultuada do que o normal... Nessa confusão de tempo, saio de casa atrasado... ao chegar no estúdio, praticamente em cima da hora, a falta de um pen drive gera uma preocupação geral!!! "Haverá tempo?" Para voltar e buscar o 'salvador da pátria', não.
Um e-mail resolveria... mas nem esse chegava. Acabou o tempo...
- Estamos no ar - diz o cinegrafista.
Aquelas palavras aceleram ainda mais minha cabeça já agitada. As paredes parecem se aproximar de mim. Pela primeira vez sinto uma sensação estranha (ruim).
Uma impressão ruim, gerada, quiçá, pela minha pressa!!!
Não, meus caros... jamais uma câmera ou um estúdio geraram preocupação em mim...
O que me agitava eram minhas impressões... percepções ... sentimentos!!!
A plaquinha do tempo só subia: 50 minutos... 45 minutos... 30 minutos... meu tempo acabou!!!
Em um mortal qualquer, isso seria motivo de alívio. Mas o café e o cigarro somados aos pensamentos do intervalo me levaram a um pânico eufórico que não tinha como controlar.
Como máquina superaquecida, não restou opção senão sair do ar direto para o hospital. Felizmente Papai do Céu me presenteou com anjos, que tenho por hábito chamar de amigos, como Carlos e Sara (devo muito a vocês e a Deus por ter "dado" vocês dois... obrigado mesmo!!)
Lá estava eu... acelerado e impaciente, tendo como única distração o girar do ponteiro dos segundos no grande relógio de parede... o único agitado como eu. Mas aquele correr dos ponteiros me deixava ainda mais tonto.
Tentei me envolver com as histórias de vida que só se escutam mesmo em salas de espera de pronto-atendimentos. Mas a visão escurecida não me permitia prestar mais atenção, aquela sala me sufocava. Não devia estar sentado ali... meu lugar ainda deveria ser no estúdio.
O tempo passou... chegou a minha vez de enfrentar aquela médica com cara de brava que me olhava por cima do pequeno óculos. (Confesso que torci para ser atendido pela outra, do consultório ao lado, mas não tive muita sorte).
A pressão baixa e a febre fria me levaram a um quarto ainda mais gelado.
Agora sim... entre alguns palavrões pensados e resmungados... não restava segunda opção. Desacelerado por obrigação... me resignei a acompanhar os pingos daquela coisa que entrava em meu braço já amortecido. Consegui contar até 500 pingos.. depois me estressei e desisti. Lembrei de 20 capitais de países Europeus. Pensei em todos os países e capitais da América do Sul. (Gosto dessas brincadeiras de países, pois me fazem ficar com sono - eh uma das minhas tantas manias).
Aquela coisa que pingava não acabava nunca - acabei descobrindo que era sódio misturado com glicose e mais algumas coisas - um soro básico. Também descobri que devo diminuir o consumo de chocolates. Só não entendi qual a utilidade da glicose na minha veia se eu já havia ultrapassado o nível máximo de glicose no organismo em 30 pontos...
Mas enfim... lá estava eu... deitado com todo o tempo do mundo, sequer podendo me mexer. O enfermeiro era um conhecido meu, o que me fez tirar a atenção dos pingos pelo menos enquanto conversávamos...
Quando estava praticamente pegando no sono percebo que um rapaz é colocado na outra cama. Mas o que colocaram naquele saquinho pra mim era pelo menos 5 vezes maior que o dele... (FATO!!!)
Comparando as duas "poções mágicas" comecei a rir. Coincidentemente, nossos pingos miraculosos acabaram praticamente juntos (o dele um pouco antes, é verdade). Mas logo o enfermeiro, acompanhado pela mulher da agulha 21 (uma das mais grossas e doloridas) trouxe mais um daqueles negócios pra minha veia: lembro bem da única coisa útil que meu "colega de poção mágica" conseguiu falar ao sair: "PACIÊNCIA, NÉ?"
Apenas consegui responder com um sorriso amarelo... mas eu lembro bem o pensamento que se seguiu - menores podem ter acesso ao blog e é melhor evitar palavrões. (Luh, completa 18 logo pra eu poder dizer q pensei "filho da puta, paciência é uma das poucas coisas que me falta"!!!)
E eu que me preparava psicologicamente para ir embora, estava lá com mais um tanto daquilo e mais todo o tempo do mundo.
Me negava a olhar as horas dessa vez. Isso não adiantaria mesmo... consegui a façanha de olhar a hora por três vezes no mesmo minuto no primeiro saquinho de poção mágica.
Sem brincadeiras de países... sem paciência para contar os pingos que dessa vez caíam mais devagar, para meu desespero...
Agora sim, o elétrico... agitadinho... maluquinho... acelerado e o que mais puder ser adjetivado aqui podia ficar pensando sobre o tempo.
Como é interessante a tal lei da relatividade...
Como, na correria dos meus dias, eu esqueço dos pequenos detalhes... e consigo tornar minhas longas horas em frações de segundos...
Hoje consegui inverter a lógica do meu dia-a-dia e tornei alguns minutos em horas intermináveis.
Se a velha máxima americana "tempo é dinheiro" estiver certa, no momento, estou milionário!!!
... de atestado médico... em pleno dia de folga!!!

3 comentários:

Henrique Arkanjo disse...

Isso.. fica me expondo, seu sem graça oO'

Se é preu fazer 18 pra você não falar palavrão, imagine oque fará qunado eu fizer 18! Oo'

AAUHHUAHUAAHUHUAHUAHAUUA'

Cara, você tá legal então né? Sua saúde é oque importa... E sabia que parar de fumar vai ajudar você a continuar vivo? ÉÉÉE SIIIM! '-'

rs
Obrigado por ter me colocado como cuida no seu post kkkk
bobão :P

abração amigo :)

Julí disse...

putz...
esse seu texto tbm serviria pra mim...
sou um escravo do tempo...
mas isso só faz mal pra nós...

kkkk
já nem sei mais o q dizer de seus textos. são simplesmente perfeitos!
abração

ezoxxx disse...

cada minuto vivido e uma semana perdida...
adorei o post mt massa!