Final de tarde na Graciosa...

Um brinde às boas lembranças...
Sentado no banco duro, em plena Graciosa... um carlton aceso em uma das mãos.. uma bebida na outra, sozinho, me pus a observar o rio Tocantins e seus movimentos.
Na praia, alguns adolescentes batiam bola, enquanto outras pessoas caminhavam na areia... vez ou outra entrando com os pés na água... Dentre essas pessoas, um jovem casal chamou minha atenção...
Ele, um moreno alto, encorpado, com corpo definido, tentava diminuir seus largos passos para acompanhar a moça, também morena, um pouco mais baixa, mas não menos atraente. Um casal bonito...
Admirando a cena romântica num final de tarde, percebo que, ao mesmo tempo em que o jovem casal caminha na mesma direção, de mãos dadas, ao fundo, no meio do grande rio, dois barcos se distanciam, tomando direções opostas.

Impressionante como uma mensagem off-line no msn mexe com nossos sentimentos...

Mas esses dois cenários diante de mim representaram exatamente o que me levara a sentar naquele banco: O primeiro momento, as lembranças de um tempo em que caminhávamos juntos na mesma direção... Aí é impossível não lembrar os finais de semana naquele hotel de sempre, sempre no mesmo quarto – ok, uma vez não foi no mesmo quarto, eu lembro – das baladas aos momentos mais caseiros (até das vezes em que fizemos amor na sala, com os nossos pais no quarto – em ambas as casas)... Enfim... a mensagem off-line embora não tivesse nada de extraordinário, trouxe ao meu pensamento aqueles momentos em que tudo isso era meu presente e que hoje não passam de lembranças boas do meu passado!
Fazendo uma alusão ao texto anterior, esse é mais um momento em que abri a palma da mão e permiti que o caco de vidro caísse – mas não abro mão das boas lembranças – elas não machucam mais (embora eu ainda não tenha certeza disso, prefiro acreditar nisso), mas não tiro da mente e do coração!
Por isso é que aqueles dois barcos lembram muito mais a gente: no mesmo rio, em rumos diferentes!
Lembrei, também, da profecia de um amigo: “Vocês ainda vão voltar!”
Penso que a felicidade não pode estar atrelada apenas a outras pessoas, mas é algo pessoal, próprio de cada um... que pode, é claro, ser influenciada [também e não apenas] por outras pessoas, desde que se permita isso. Nessa hora, senti crescer uma lágrima, mas acabou surgindo um sorriso... Como não sou possessivo – e nunca fui – fechei os olhos por um momento, construí a imagem do seu sorriso e desejei apenas a sua felicidade... mesmo que isso signifique estar longe de mim

Não sei o que me levou a esse momento de inconsciência e publicar esse texto. Na verdade, eu pensava em publicar o outro, apologético e crítico. Mas é bom mostrar um pouco do que se passa aqui dentro desse Mike fechado e inacessível. Talvez algumas pessoas percebam que impressões (e principalmente primeiras impressões) nem sempre são conclusivas, assim como a opinião de outras pessoas pode ser equivocada.

Quando já não enxergava mais nem o casal, nem os dois barcos, levantei do banco duro e frio, joguei a garrafa no lixo, acendi mais um cigarro, pois já estava na hora de voltar à minha realidade e me fechar, mais uma vez, no meu mundinho de sorrisos e ilusões.