sobre a vida

A vida é uma colcha de retalhos... A sucessão de momentos que não voltam e que devem ser bem aproveitados.

Aproveitar esses momentos com alguém importante para nós, que normalmente chamamos de amigos é um presente único.

Tenho passado bons momentos com um amigo muito querido aqui em Palmas. Alguém que já esteve entre a vida e a morte e que quase passou pro lado de lá - se passou, pelo menos voltou!!!

Alguém como um pai pra mim, que alterna momentos de gargalhadas com broncas e conselhos (sempre sábios).

Quem teve a experiência de quase morte ou já perdeu alguém especial consegue ver a vida de outra forma... consegue entender essa colcha de retalhos e essa sucessão de momentos como oportunidades que não podem ser desperdiçadas.

Enfim...

Depois da cirurgia, Gê não pode fazer força, por isso tenho ajudado ele com as compras no supermercado. Essa experiência tem se tornado muito divertida... especialmente quando você fala uma língua estrangeira ou cria certos códigos. Gê e eu temos a mágica do olhar: aquela coisa que fala muito sem sair uma palavra. Algo que as outras pessoas não entendem.

Poder falar mal do perfume de alguém, da roupa, da aparência física (e aí cabem os elogios e admirações também) é algo fantástico.

Existem situações em que a infância mal resolvida e nunca abandonada resolve aflorar e aquela coisa de fazer arte surge com uma naturalidade que cara-de-pau nenhuma consegue descrever.

Pegar um pacote de biscoito só para passar perto de alguém interessante, pra sentir novamente o perfume, dar uma encarada, jogar um charme e largar esse biscoito no carrinho de compras de outra pessoa não é uma atitude normal para um homem de quarenta e poucos anos. Mas é uma atitude extremamente normal para alguém que sabe que esse momento não vai se repetir e não pode ser desperdiçado.

Depois do mercado, um passeio pelo shopping... (Palmas Shopping não merece ser chamado de shopping, mas é o nome que se dá, que se há de fazer???)

O cartaz da campanha "Natal da Família" é algo bizarro: o pai parece mãe, a mãe parece um dragão, o filho mais velho parece um morcego e o filho mais novo um E.T.

Uma das lojas tem uma manequim posta na entrada que assusta, impedindo a entrada de crianças e pessoas mais sensíveis esteticamente.

Fora o trabalho de Teoria da Comunicação que tínhamos que fazer no shopping sobre o "Kitsch", acho que em 2009 foi a terceira vez que pisei naquele lugar e, como só tenho mais quatro dias nessa cidade, sei que não vou voltar lá!!!

Mas a praça de alimentação é o lugar por excelência pra se pensar na vida...

Na futilidade do ser - não dos outros... mas de nós mesmos!!!

Na brevidade e na raridade desses momentos...

A correria do dia-a-dia acaba excluindo a possibilidade de curtir esses momentos únicos.

A grande lista de coisas pra fazer a cada dia não pode ser desculpa ou fuga, embora costumamos nos esconder atrás de tudo isso para dizer "não posso", "não tenho tempo", "não tenho feito nada de interessante".

A magia do momento não está na espera da oportunidade perfeita... mas consiste basicamente em tornar o momento perfeito. Cabe aquela expressão latina Carpe Diem, não no sentido de tornar o dia produtivo, essa herança do capitalismo nos faz pensar que o dia só vale a pena enquanto conseguirmos produzir algo. Um dia bem aproveitado não é aquele que você chega ao final e diz: "Poxa, hoje eu fiz isso, isso e isso". Não!!!! Dessa maneira estaríamos nos resumindo à mecanização da existência humana. Não somos máquinas... somos humanos!! O dia só faz sentido e só será aproveitado quando chegarmos ao seu final podendo dizer: "Hoje eu fiz Fulano sorrir", ou, "Hoje eu sorri por esse, esse e esse motivo".

O sorriso é o sentido maior da vida... pois é a expressão máxima da alegria.. da felicidade.. essa busca constante do ser humano - que pode (e deve) ser encontrada nos pequenos momentos... em todos os momentos verdadeiramente bem aproveitados!!!