quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Uma cebola

Aguardava ansioso uma caixinha que vinha pelo correio, como de costume, postada pelos meus pais. Rastreava a tal caixinha pelo código no site dos correios. Fiquei ainda mais ansioso quando minha mãe disse que dentro da tal caixinha havia um "presente" do meu pai.
Para minha alegria, a tal caixinha chegou hoje [23/02]. Minha alegria [dá pra definir assim?] maior foi ver o "presente" que meu pai mandou: uma cebola.
Sim, meu pai pagou uma postagem no correio para me mandar uma cebola e uma garrafa de tequila. Depois perguntam qual o motivo de eu não ser tão "normal".
Fato é que a tal cebola, que ainda está sobre a minha cama, me fez dar muitas risadas.
Por incrível que pareça, a maldita [ou bendita] cebola - presente tão estimado do meu pai - me acendeu boas lembranças. 
Primeiro ponto positivo: meu pai tirou tempo para me trollar, fazer piada e me sacanear. Ok, vou entender como uma demonstração de carinho do velho, já que nunca falei que estava com vontade de comer cebola e que em Palmas não havia cebolas.
Bom saber que meu pai mantém esse bom humor... mesmo longe dele, imaginei seu sorriso sarcástico ao ver minha cara olhando fixo pra tal cebola.
Já disse que não pretendo ser entendido... mas o meu presente [essa mesma cebola] me deixou com saudade do inverno de Santa Catarina [que diabos uma cebola me faz lembrar inverno em SC????]
Lembrei de quando meu pai e eu jogávamos bola no gramado em frente à garagem na "casa velha", a primeira das 11 que já morei. Tudo bem que nossas partidas sempre acabavam em briga: ou ele chutava muito forte e não valia ou eu anulava os gols dele. Ou, mesmo eu chutando pra fora, ou acertando o cachorro com uma bolada [tanto o Rex, quanto o Toby ou a Fifi], valia gol pra mim. Simples assim.
Depois lembrei de quando ele começou a me ensinar a dirigir... eu tinha meus 11 ou 12 anos... Quanta guerra. Naquela época eu não entendia direito o que era chegar em casa cansado e sem paciência pra ensinar um pirralho.
Os jogos e as conquistas do Grêmio tão comemoradas na década de 90, antes de eu sair de casa.
Enfim.. se eu escrever tudo o que lembrei esse texto não termina tão cedo.
Fato é que meu pai nunca foi um poço de paciência - isso é ainda mais evidente quando o Grêmio perde.
Por ironia do destino, o Grêmio ganhou um GRE-nada NAL ontem. Ao olhar a cebola, imediatamente imaginei a euforia e a manhã alegre que ele deve ter tido hoje [para sorte da minha mãe].
Quem diria que uma simples cebola, ou uma trollagem do meu pai despertaria tantos sentimentos e lembranças em mim.
Quando a gente mora longe, essas coisas pequenas e aparentemente insignificantes [pra não dizer bizarras] se tornam significativas e mostram que os laços de carinho [que são infinitamente maiores que qualquer laço de sangue, embora nesse caso haja os dois] jamais serão rompidos. O bom humor no gesto do meu pai mostra que continuamos com nossas brincadeiras de paizão e filhinho mimado, independente da idade ou da distância geográfica. Me senti em casa de novo!!
Meu pai e eu nunca fomos muito de demonstrar afeto. Na verdade nunca soubemos fazer isso. Mesmo quando eu voltava de viagem depois de alguns meses longe, nossa saudação era um aperto de mãos e uns tapinhas nos ombros, um pouco diferentes dos abraços de meia hora da minha mãe.
Tudo bem que parte disso é culpa minha, por ser frio - mas não insensível.
Enfim... trollagem feita [e muito bem feita pelo velho]. Só resta dizer: 
- PAI, adorei a cebola!! Obrigado por tudo, principalmente por você ser meu pai - em qualquer situação.
- MÃE, também adorei o "recheio" da caixinha [só pra você não ficar com ciúmes hehe]. Mas que a cebola do pai merece um destaque maior, isso merece e eu sei que você entende.
AMO VOCÊS!!!

[alguém aí descasca uma cebola pra mim? Quem fizer essa salada até ganha uma dose de tequila]

5 comentários:

Mike disse...

Trollagem em altíssimo nível do velho. Não tem preço!! ahsuahsuahsua

Silvana Cristina Bizolo disse...

caraca adorei a historia da cebola, mas principalmente o que ela siginficou p vc amigo.....bjs saudades.

Lisandra Golba disse...

esse pai sabe mandar o recado hein? devia ser publicitario.

Anônimo disse...

M.M.

Meu deus morri de chorar aqui ... linda história!

Mike disse...

Eh... tenho que admitir que nessa o velho mandou super bem!!! hehehe