segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Zion

Zion é um extraterrestre, amigo meu. Nos conhecemos quando... bom, isso não é relevante, deixa pra lá.

Fato é que Zion está pensando em se mudar do seu planeta e morar aqui na Terra com sua esposa Zain e seus dois filhos Zlat e Zlot.

Estou ajudando o amigo, tentando explicar um pouco do que é a vida aqui no Planeta Azul, para ele ver se realmente vale a pena a mudança.

Hoje estávamos conversando sobre futebol, enquanto meu pai atualizava a tabela dos jogos do final de semana. Zion ainda não percebeu a graça de 22 homens correrem atrás de um pedaço redondo de couro chutando o objeto e se derrubando. Também não entendeu como esse esporte reúne tantas pessoas. Desisti de explicar essa paixão, apenas disse que é um dos passatempos preferidos em todo o Planeta. Mas com o tempo ele aprende.

A televisão estava ligada e mais uma vez passava alguma coisa sobre o Haiti. Me parece que o Congresso autorizou o envio de mais tropas àquele País. Minha mãe viu a cena do início do terremoto gravada com uma câmera interna de algum lugar e comentou: “Parece cena de guerra”.

Não sabia ela que Zion não conhecia o termo:

- O que é guerra?

Meu pai olhou por cima dos óculos e minha mãe fugiu da resposta:

- Vou tomar banho!

Sobrou pra mim o enrosco de explicar.

- Guerra é quando dois ou mais países lutam, disputando territórios, petróleo, água, ou simplesmente para manter o controle político, econômico ou até mesmo cultural.

- Ahhh tá... e lutam realizando uma partida de futebol e quem vence leva a disputa?

- Não, Zion. Infelizmente não é uma partida de futebol que decide uma guerra. Essa luta envolve todas as armas possíveis por terra, céu e mar. Muitos soldados são envolvidos.

- Mas isso não pode ser perigoso? Os soldados não podem acabar morrendo nessa disputa?

- É isso que acontece em uma guerra. Muitos soldados são mortos em batalha, por isso minha mãe disse que o Haiti parece cena de guerra.

- Nossa!!!! Mas os dois lados não são seres humanos?

- São, Zion... são humanos.

- Difícil entender vocês. Como podem se matar assim? Mas qual a recompensa para os soldados que morrem? A família ganha o controle do território?

- Não, Zion. Quem morre e o corpo é encontrado para ter um enterro digno ganha uma medalha, no máximo.

- Ahh... legal!!! E para que serve a medalha?

- Não sei, Zion. Juro que não sei a utilidade de uma medalha no corpo de um cadáver.

Zion apenas me olhou, com aqueles olhos arregalados, aumentando ainda mais aquilo que poderíamos quase chamar de sobrancelhas.

Nesse momento o aparelho comunicador que ele usa tocou. Sua esposa Zain o chamava para o almoço, dada a diferença de fuso horário entre nós e o seu Planeta.

Como de costume, Zion se despediu prometendo voltar assim que possível.

Meu pai largou o jornal onde anotava os resultados da rodada do final de semana do Campeonato Gaúcho, me olhou e balançou a cabeça negativamente:

- Acho que você assustou seu amigo. Duvido que eles se mudem!

Sorri concordando com o velho.

Um comentário:

Antônia disse...

AHHH NEM FALA DE HAITI meu marido ta indo pra la,mas ê verdade isso que aconteceu no haiti foi muito horrivel,ja que meu marido tem que servir la por seis meses meu consolo sera a net.