domingo, 19 de junho de 2016

Laboratório da Vida

Dia desses estava conversando com um aluno ao final da aula. Passamos um bom tempo conversando sobre como transformei a vida em laboratório e passei a analisar e testar as pessoas com as quais convivo. Ele, de uma ideologia de esquerda. Eu, de direita. Mantendo uma conversa agradável e sadia.
Alguns fatos importantes a mencionar: recentemente, adicionei algumas fotos com o deputado Bolsonaro nas minhas redes sociais, especialmente Instagram e Facebook. De imediato, algumas dezenas de pessoas passaram a me excluir do seu círculo de amizades.
Confesso que já esperava essa reação e não me causou nenhuma surpresa. Não sei quem são as pessoas que me excluíram, pois ainda não senti falta e não parei para verificar quem são. Do ponto de vista afetivo/emocional, portanto, nenhuma perda. Sob o ponto de vista numérico, menos ainda, uma vez que havia uma lista de pessoas para aceitar e não podia fazê-lo, pois havia atingido o limite máximo no número de amigos.
Outro dia, ainda, fui à universidade com a camiseta do mesmo Bolsonaro. O número de elogios e a receptividade foram muito superiores às críticas ou olhares de reprovação.
Não tenho que justificar ou explicar os motivos que me levam a apoiar o deputado Bolsonaro. Assim como não me interessam os motivos pelos quais outras pessoas apoiam e defendem o Lula ou a Dilma, por exemplo. Parto do pressuposto constitucional de liberdade de opinião e expressão.
No entanto, considerando o atual cenário brasileiro, diante da crise política instaurada, tem sido um exercício bastante interessante transformar a vida em laboratório e observar as pessoas e suas reações.
A luta por respeito e por tolerância, o respeito às diferenças e à diversidade numa sociedade tão diversa como a brasileira, tem mostrado uma face cruel e preocupante. Aqueles que mais lutam ou que mais clamam por respeito, são os que menos toleram e menos respeitam a opinião contrária. É evidente a contradição entre discursos e práticas.
Nessa "brincadeira" ouvi frases do tipo:
- Ah, mas eu não suporto o deputado Bolsonaro! Ah, mas ele é machista, fascista, homofóbico. Não merece meu respeito.
Diante dessa situação, passei a me questionar ainda mais. Existem, nessa lógica que não consigo concordar, pessoas que merecem respeito e outras que não merecem respeito. Seria lógico, então, que do outro lado as pessoas pensassem da mesma forma; existem pessoas da esquerda que não merecem meu respeito. E, assim, criamos uma rede de respeito e tolerância apenas aos que concordam com as minhas convicções ou as minhas opiniões.
Hipocrisia? Intolerância? Conveniência? Um pouco de cada, infelizmente.
É fácil respeitar quem concorda comigo. É cômodo tolerar quem tenha as mesmas opiniões que eu. O exercício que se coloca, a grande dificuldade é aceitar e respeitar o diferente.
Na verdade, essa questão do respeito às diferenças é uma problemática histórica. Quanto mais essas diferenças forem ignoradas, mais pessoas à margem e mais excludente será a sociedade. A igualdade que tentam inventar torna a sociedade massificada. Todos pensando da mesma forma, todos agindo da mesma forma e as individualidades sendo anuladas.
Na contramão dessa massificação, continuo lutando pelo reconhecimento e pela valorização das diferenças. Sejam opiniões diferentes, gostos diferentes, estilos e jeitos também diferentes, necessidades e particularidades específicas, que não podem e não devem ser desconsideradas ou eliminadas.
A sociedade é diversa e assim deve continuar sendo.
Nesse laboratório que criei, sigo me divertindo, surfando feliz na crista das ondas desse tsunami que chamo de vida!

Nenhum comentário: