sábado, 23 de julho de 2016

Confidências

Me descobri sensível... e percebi que ainda consigo chorar!
Sim, a frustração das férias não aproveitadas e a primeira cirurgia de fato revelaram um lado que, se sabia da existência, fazia o possível para esconder: fragilidade, carência, dramas, vulnerabilidade.
Nunca tive uma saúde perfeita. Na verdade, talvez por nascer um pouco antes do tempo e abaixo do "normal", meu organismo nunca foi dos mais fortes. Para piorar, eu pouco colaboro com minha própria saúde.
Apesar de diversas idas e vindas a hospitais, somente em função de uma apendicite me vi diante da primeira cirurgia. Medos, dores, pontos, a frieza do ambiente hospitalar, a primeira internação por tantos dias, tudo isso revelou um quadro até então ignorado por mim. 
Mesmo que eu demonstre ser um adulto frio, insensível e, sobretudo, forte, mantenho viva a criança birrenta e dramática.
Chorei por não poder curtir as férias com minha família e em especial com o meu sobrinho, como tinha planejado.
Me comovi com a preocupação e o cuidado de pessoas que eu não imaginava poder contar de uma maneira tão intensa. Meus olhos se enxarcavam a cada mensagem recebida, diante do carinho, da preocupação e da atenção de tantas pessoas que eu tenho certeza que eu nunca soube reconhecer e valorizar da melhor forma.
É cruel ter que depender de outras pessoas até mesmo para poder me levantar de uma cama...
Naquele hospital, as constantes agulhadas nos braços certamente doíam muito mais na alma. Revelando tudo o que eu sempre tentei esconder nas cascas da frieza, de certa arrogância, talvez.
Seria mais um drama por ter que passar o curto recesso num hospital, distante da família? Ou seria o choque de realidade que eu precisava?
Fato é que esses pontos no abdômem, quando se tornarem apenas mais uma cicatriz, certamente me farão lembrar que ainda sou sensível, frágil, dramático e, principalmente, choroso. Uma marca cruel e dolorosa, a apontar a verdade que eu desejaria manter desconhecida.

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